Começa
na quarta-feira, 29 de agosto e segue até 9 de setembro, a 14ª edição dos jogos
paralímpicos, neste ano em Londres. A capital britânica acolherá 4.200 atletas,
de 165 países, e a expectativa é que a edição ultrapasse o sucesso alcançado em
Pequim 2008, quando foram quebrados 279 recordes mundiais.
Oficialmente,
a primeira edição dos jogos paralímpicos aconteceu em Roma 1960, mas já em
1948, na Grã-Bretanha, houve o início das competições voltadas para pessoas com
deficiência, quando o neurologista Ludwig Guttmann usou do esporte no Centro
Nacional de Lesionados Medulares para tratar de soldados britânicos. Na 2ª
Guerra Mundial, muitos soldados britânicos perderam membros do corpo ou a
capacidade de audição e visão.
Nos
jogos de Stoke Mandeville de 1948, 16 veteranos de guerra participaram das
disputas. O sucesso da competição fez com que portadores de deficiência de
outras nações praticassem esportes, o que permitiu que em 1952 acontecesse os
Jogos Internacionais de Mandeville, com 130 esportistas ingleses e holandeses.
Finalmente, em 1960, houve a primeira Olimpíada dos Portadores de Deficiência,
a atual paralímpiada, que reuniu 400 atletas de 23 países, todos cadeirantes.
De
Roma em diante, os jogos passaram a ser disputados ininterruptamente de quatro
em quatro anos. Desembarcaram em Tóquio em 1964, Tel Aviv em 1968 (quando a
olimpíada foi na Cidade do México), Heidelberg em 1972 (quando os jogos
olímpicos aconteceram em Munique), Toronto, em 1976 (durante a olimpíada em
Montreal), e Arhem, em 1980 (ano da olimpíada em Moscou).
Em
1984, os jogos paralímpicos aconteceram em Stoke Mandeville e em Nova York, e
nos demais anos foram realizados mesma cidade da olimpíada: Seul 88, Barcelona
92, Atlanta 96, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008 e agora em Londres. Na
história das Paralimpíadas, 101 países já conquistaram medalhas, com destaques
para os Estados Unidos, com 1742 pódios, seguidos pela Grã-Bretanha com 1324
medalhas.
Brasil nos jogos paralímpicos
Em
sete edições anteriores, o Brasil já enviou delegações para os jogos
paralímpicos. Até o começo de Londres 2012, o país contabilizava 117 medalhas,
sendo 30 de ouro, 41 de prata e 46 de bronze.
Na
Paralímpiada de Londres, o Brasil vai ter ao menos um representante em 18 das
20 modalidades em disputa. A delegação que conta com 182 atletas, sendo 115
homens e 67 mulheres, atuará coletivamente no basquete em cadeira de rodas,
futebol de 5, futebol de 7, goalball e vôlei sentado.
Vai
ter atleta brasileiro também no atletismo, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira
de rodas, halterofilismo, judô, natação, remo, tênis em cadeira de rodas, tênis
de mesa, vela adaptada e tiro esportivo e hipismo. A bandeira verde amarela só
não será vista no tiro com arco e no rugby em cadeira de rodas.
Meta palpável do
sétimo lugar no quadro de medalhas
A
meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é ambiciosa: alcançar o sétimo
lugar no quadro de medalhas em Londres e chegar ao quinto posto na Paralimpíada
Rio 2016. Condições técnicas para isso existem.
Prova
disso foi o primeiro lugar no quadro de medalhas no Parapan de Guadalaraja, em
2011, com 197 medalhas, sendo 81 recebidas no lugar mais alto do pódio, 30
ouros a mais que os Estados Unidos. Some-se a isso, o retrospecto de 47
medalhas na Paralimpíada de Pequim 2008, 16 das quais douradas, que renderam ao
Brasil o nono lugar no ranking de medalhistas, com três ouros a menos que o
Canadá, sétimo colocado.
No
atual ciclo olímpico não faltaram investimentos de governos municipais e
estaduais, e do federal no paradesporto. Em 2011, o Ministério do Esporte
repassou ao CPB, R$ 19,4 milhões para o desenvolvimento do paradesporto no
país. No mesmo ano, a Prefeitura carioca criou o Time Rio e o governo do Estado
de São Paulo tirou do papel o Time São Paulo, oferecendo melhores estruturas
para treinamentos e competições dos paradesportistas.
No
comparativo com o ciclo de Pequim 2008, os investimentos do CPB saltaram de R$
77 milhões para R$ 165 milhões, contando, além das verbas governamentais, com
recursos de empresas parceiras como a Caixa Econômica Federal e a Infraero.
As esperanças de
ouro em Londres
Os
investimentos e boa capacidade técnica têm feito alguns paradesportistas
brasileiros ganharem projeção no cenário internacional e há promissora perspectiva
de bons resultados em Londres.
Nos
esportes coletivos espera-se ouro das seleções masculinas de vôlei sentado,
goalboll e futebol de 5, campeãs no Parapan de Guadalaraja, sendo que os
futebolistas brasileiros foram ouro também na paralimpíada de Pequim.
A
natação brasileira também vai para Londres com esperanças de ao menos repetir a
fantástica campanha de Pequim, quando nossos nadadores subiram ao pódio por 19
vezes. Um deles, aliás, é a maior estrela do paradesporto mundial atualmente:
Daniel Dias, campeão mundial em diversas categorias, faturou quatro ouros em
Pequim e simplesmente 11 ouros no Parapan de Guadalaraja.
No
judô, as maiores esperanças do país estão com Karla Ferreira, medalhista de
ouro no Parapan de Guadalaraja, além de Daniele Bernardes, Magno Marques,
Antônio Tenório e Willians Silva, prata na mesma competição.
No
atletismo, Terezinha Guilhermina chega a Londres com credenciais para colocar
seu nome na história. Deficiente visual, Terezinha vai disputar os 100, 200 e
400 metros rasos da categoria T11. Ela é a recordista mundial nos 200 e 400
metros.
Outro
corredor brasileiro que merece destaque é Lucas Prado, que na paralimpíada de
Pequim, faturou três medalhas de douradas, feito só igualado na oportunidade
pelo sulafricano Oscar Pistorius. Aos 27 anos, Lucas que já teve passagens pelo
goalball e futebol de 5, possui cinco medalhas parapanamericanas, três no Rio
de Janeiro e duas em Guadalaraja, e foi campeão mundial dos 400 metros rasos em
2011.
Agora
resta torcer. A princípio, o que de melhor poderia ser feito neste ciclo
olímpico foi cumprido. O sétimo lugar no quadro de medalhas em Londres para o
paradesporto brasileiro não é utopia, é uma projeção real alicerçada em um
detalhado e competente planejamento.