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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Brasil estará entre os melhores na paralimpíada de Londres

Começa na quarta-feira, 29 de agosto e segue até 9 de setembro, a 14ª edição dos jogos paralímpicos, neste ano em Londres. A capital britânica acolherá 4.200 atletas, de 165 países, e a expectativa é que a edição ultrapasse o sucesso alcançado em Pequim 2008, quando foram quebrados 279 recordes mundiais.
 
Oficialmente, a primeira edição dos jogos paralímpicos aconteceu em Roma 1960, mas já em 1948, na Grã-Bretanha, houve o início das competições voltadas para pessoas com deficiência, quando o neurologista Ludwig Guttmann usou do esporte no Centro Nacional de Lesionados Medulares para tratar de soldados britânicos. Na 2ª Guerra Mundial, muitos soldados britânicos perderam membros do corpo ou a capacidade de audição e visão.
 
Nos jogos de Stoke Mandeville de 1948, 16 veteranos de guerra participaram das disputas. O sucesso da competição fez com que portadores de deficiência de outras nações praticassem esportes, o que permitiu que em 1952 acontecesse os Jogos Internacionais de Mandeville, com 130 esportistas ingleses e holandeses. Finalmente, em 1960, houve a primeira Olimpíada dos Portadores de Deficiência, a atual paralímpiada, que reuniu 400 atletas de 23 países, todos cadeirantes.
 
De Roma em diante, os jogos passaram a ser disputados ininterruptamente de quatro em quatro anos. Desembarcaram em Tóquio em 1964, Tel Aviv em 1968 (quando a olimpíada foi na Cidade do México), Heidelberg em 1972 (quando os jogos olímpicos aconteceram em Munique), Toronto, em 1976 (durante a olimpíada em Montreal), e Arhem, em 1980 (ano da olimpíada em Moscou).
 
Em 1984, os jogos paralímpicos aconteceram em Stoke Mandeville e em Nova York, e nos demais anos foram realizados mesma cidade da olimpíada: Seul 88, Barcelona 92, Atlanta 96, Sydney 2000, Atenas 2004, Pequim 2008 e agora em Londres. Na história das Paralimpíadas, 101 países já conquistaram medalhas, com destaques para os Estados Unidos, com 1742 pódios, seguidos pela Grã-Bretanha com 1324 medalhas.

Brasil nos jogos paralímpicos
 
Em sete edições anteriores, o Brasil já enviou delegações para os jogos paralímpicos. Até o começo de Londres 2012, o país contabilizava 117 medalhas, sendo 30 de ouro, 41 de prata e 46 de bronze.
 
Na Paralímpiada de Londres, o Brasil vai ter ao menos um representante em 18 das 20 modalidades em disputa. A delegação que conta com 182 atletas, sendo 115 homens e 67 mulheres, atuará coletivamente no basquete em cadeira de rodas, futebol de 5, futebol de 7, goalball e vôlei sentado.
 
Vai ter atleta brasileiro também no atletismo, bocha, ciclismo, esgrima em cadeira de rodas, halterofilismo, judô, natação, remo, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, vela adaptada e tiro esportivo e hipismo. A bandeira verde amarela só não será vista no tiro com arco e no rugby em cadeira de rodas.

Meta palpável do sétimo lugar no quadro de medalhas
 
A meta do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é ambiciosa: alcançar o sétimo lugar no quadro de medalhas em Londres e chegar ao quinto posto na Paralimpíada Rio 2016. Condições técnicas para isso existem.
 
Prova disso foi o primeiro lugar no quadro de medalhas no Parapan de Guadalaraja, em 2011, com 197 medalhas, sendo 81 recebidas no lugar mais alto do pódio, 30 ouros a mais que os Estados Unidos. Some-se a isso, o retrospecto de 47 medalhas na Paralimpíada de Pequim 2008, 16 das quais douradas, que renderam ao Brasil o nono lugar no ranking de medalhistas, com três ouros a menos que o Canadá, sétimo colocado.

No atual ciclo olímpico não faltaram investimentos de governos municipais e estaduais, e do federal no paradesporto. Em 2011, o Ministério do Esporte repassou ao CPB, R$ 19,4 milhões para o desenvolvimento do paradesporto no país. No mesmo ano, a Prefeitura carioca criou o Time Rio e o governo do Estado de São Paulo tirou do papel o Time São Paulo, oferecendo melhores estruturas para treinamentos e competições dos paradesportistas.
 
No comparativo com o ciclo de Pequim 2008, os investimentos do CPB saltaram de R$ 77 milhões para R$ 165 milhões, contando, além das verbas governamentais, com recursos de empresas parceiras como a Caixa Econômica Federal e a Infraero.
 
As esperanças de ouro em Londres
 
Os investimentos e boa capacidade técnica têm feito alguns paradesportistas brasileiros ganharem projeção no cenário internacional e há promissora perspectiva de bons resultados em Londres.
 
Nos esportes coletivos espera-se ouro das seleções masculinas de vôlei sentado, goalboll e futebol de 5, campeãs no Parapan de Guadalaraja, sendo que os futebolistas brasileiros foram ouro também na paralimpíada de Pequim.
 
A natação brasileira também vai para Londres com esperanças de ao menos repetir a fantástica campanha de Pequim, quando nossos nadadores subiram ao pódio por 19 vezes. Um deles, aliás, é a maior estrela do paradesporto mundial atualmente: Daniel Dias, campeão mundial em diversas categorias, faturou quatro ouros em Pequim e simplesmente 11 ouros no Parapan de Guadalaraja.
 
No judô, as maiores esperanças do país estão com Karla Ferreira, medalhista de ouro no Parapan de Guadalaraja, além de Daniele Bernardes, Magno Marques, Antônio Tenório e Willians Silva, prata na mesma competição.
 
No atletismo, Terezinha Guilhermina chega a Londres com credenciais para colocar seu nome na história. Deficiente visual, Terezinha vai disputar os 100, 200 e 400 metros rasos da categoria T11. Ela é a recordista mundial nos 200 e 400 metros.
 
Outro corredor brasileiro que merece destaque é Lucas Prado, que na paralimpíada de Pequim, faturou três medalhas de douradas, feito só igualado na oportunidade pelo sulafricano Oscar Pistorius. Aos 27 anos, Lucas que já teve passagens pelo goalball e futebol de 5, possui cinco medalhas parapanamericanas, três no Rio de Janeiro e duas em Guadalaraja, e foi campeão mundial dos 400 metros rasos em 2011.
 
Agora resta torcer. A princípio, o que de melhor poderia ser feito neste ciclo olímpico foi cumprido. O sétimo lugar no quadro de medalhas em Londres para o paradesporto brasileiro não é utopia, é uma projeção real alicerçada em um detalhado e competente planejamento.